Falta filtragem da informação na internet

Dia desses numa palestra, o convidado perguntou quem da platéia lê jornal. Depois perguntou quem lê jornal todos os dias. Depois, quem lê o jornal todo - isso mesmo, de ponta a ponta! Observei cada vez menos braços levantados a cada pergunta feita. Provavelmente, se a pergunta usasse livros ao invés de jornal aconteceria a mesma coisa ou apresentaria números piores. Convenhamos: não é só com o meio impresso que esse recuo, essa distância está acontecendo. A televisão também mostra sinais de desgate de conteúdo - principalmente sua forma - comprovadamente com estatísitcas de diminuições nas audiências. Isso porque a internet é uma grande plataforma que acolhe, insere, que pode conter esses meios e muito mais na sua estrutura. Vilã de todo esse afastamento? A resposta está  em como queremos a informação.

É perceptível  que os processos de comunicação estão em mudanças. A desburocratização da informação, a não rigidez das etapas de produção da mensagem e a dissolução do controle do conteúdo informacional tem como responsável o universo on-line, gerador dessa desconstrução quando abriu espaço para essa descentralização por meio de sua tecnologia. Além disso, o mundo 2.0 traz a rapidez como tudo isso se organiza. Como o grande atual e digital  pensador Carlos Nepomuceno diria: uma informação fast-wiki. Eis o ponto o qual queria chegar - a velocidade da informação.

Há grande parte dessas pessoas que não levantaram a mão nas perguntas do palestrante que utilizam a internet para buscar conteúdo, ler notícias, se comunicar, aprender e conhecer fatos e coisas não só com mais possibilidades, mas também num curto espaço de tempo que um jornal, livro, tv ou outro meio fosse incapaz de oferecer. Fato é que, dessa forma, a informação é ágil. No entanto, o processo de reflexão de quem a consome pode ser solúvel na medida em que o aprofundamento da questão não é realizado. Assim, a grande preocupação é a de que o conteúdo é consumido sem filtragem e avaliação, sem aprendizado e entendimento, sem a descoberta e interpretação.

Sou fã das possibilidades que o meio digital e a rede possui. Também sou fã de jornal, um bom livro e gosto de ver tv. Aliás, em todos os meios deve existir a filtragem das informações. Me preocupo apenas com o fato de que a web apresenta um local que pode garantir o acesso informacional  gratuito e democrático e, mesmo assim, não ser utilizada como mecanismo cognitivo por conta dessa pressa de se informar. É necessário que a filtragem aconteça para formarmos a inteligência coletiva de que Pierre Lévy já havia dito há muito tempo, como mostra essa entrevista feita com ele abaixo.

Até a próxima!

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