27 horas sem luz: Uma experiência infernal

Fox Xavier | 21:32 | 5 comentários

Já se imaginou um dia inteiro sem luz? Algo inimaginável na atualidade, mas que aconteceu comigo. Não participei de um reality show e nem fiz uma experiência social, tudo ocorreu por imposição da péssima companhia de eletricidade que fornece seus serviços na região metropolitana do Rio de Janeiro, a Light.



Terça feira, dia 19 de janeiro, como de costume, chego do trabalho e vou direto para o computador. 5 minutos após, um forte temporal cai sobre a minha região, em seguida, a luz pisca e repentinamente apaga. O inferno começaria...

Moro no “pé” de uma “comunidade carente na zona norte da cidade. Fato que empresa nenhuma leva seus funcionários à essas áreas durante à noite. Mesmo assim mantive as esperanças,liguei para uma amiga da família,moradora de duas ruas adiante, que afirmou também estar sem luz. Ou seja, a região sofria um apagão, algo super comum após os temporais. Só quem mora em bairros abastecidos pela subestação do Cachambi sabe o nível do serviço prestado por essas bandas.

Após uma madrugada sem sono algum, levanto, ligo o player do smartphone e passo a curtir uma música. O celular foi meu único meio de entretenimento e de informação com o mundo por horas. Por meio dele soube que o apagão atingia vários outros pontos da cidade. O relógio já marcava 8 da manhã, passava da hora de tentar um contato.


Por uma hora fui insistente em discar o número de atendimento emergencial, que só dava ocupado. Foi ai que resolvi discar o telefone  reservado a área comercial, consegui ser atendido por uma gravação. E acreditem! Fiquei exatos, 47 minutos com o telefone no ouvido aguardando atendimento.

Tratei de explicar a situação a atendente que me pediu para anotar um protocolo e esperar 5 horas para que uma equipe fosse deslocada para nos atender. A empresa nem se quer sabia da situação nos bairros, a minha paciência me deu o mérito de ser o primeiro da região que efetuou contato com a companhia.

Meus planos de diversão para o feriado do padroeiro da cidade foram água abaixo, não conseguiria sair de casa sabendo que correria o risco de retornar e me deparar com a mesma situação.

O relógio marca 15 horas, a bateria do celular “entrega os pontos”, e o prazo prometido para o a solução do problema havia esgotado. Mais uma vez retorno ligação para a Light, para minha surpresa, até que dessa vez a espera não seria demasiada, foram só 15 minutos ouvindo musiquinhas e dicas para economizar energia. Dessa vez me prometeram uma hora de prazo...

Resolvo sair à rua, começo a listar, com ajuda do meu pai, as ruas sem energia nos bairros próximos. Achei que seria muito útil prestar um relatório gratuito e detalhado para os porcos monopolistas. Volto a ligar, explico toda a situação, dessa vez, afirmaram que equipes já estavam se deslocando.

Quase 24 horas sem eletricidade em um feriado que tanto aguardei, parecia que isso terminaria. Porém, a ausência de civilidade fala mais alto. A população do morro desce revoltada e incendeia objetos na principal via do bairro. Os caminhões da empresa, tão prometidos, chegam, diante da confusão dão meia volta. Meu esforço foi em vão. Quem chega pra valer é a policia e seu batalhão de choque.

Lá para as 19 horas a coisa explode de verdade, os populares conseguem interditar as duas faixas da pista, aos gritos repetiam: “Queremos luz”. Nunca vi a policia, principalmente, um batalhão de choque ser tão pacífico, os policiais simplesmente desviavam o trânsito auxiliando os motoristas. A coisa estava “relativamente calma” até que o veiculo blindado da PM, o popular “Caveirão”, foi acionado, o pânico se espalha.

Um confronto anunciado está prestes a acontecer, para a sorte de muitos, o temporal que se anunciava desde o final da tarde chega. 21 horas, julgo como hora de ir dormir,o dia seguinte seria longo.

A chuva dura pouco, cerca de meia hora. Para surpresa geral, a eletricidade retorna sessenta minutos depois, o relógio se aproxima das 23 horas. O boato dá conta que alguma autoridade do batalhão exigiu reparo imediato na situação, com a escolta da policia os técnicos trabalham nas ruas da região e rapidamente encontraram a raiz do problema.

Depois de um episódio tão lamentável, eu reflito o quanto estamos dependentes de algo que criamos. O ser humano uma simples extensão das tecnologias que ele mesmo criou. Necessitamos de energia para tudo, até para nos entreter e ausência dela faz a população perder por instantes sua capacidade de refletir, pensar e tomar decisões corretas. Ao mesmo tempo que chego a conclusão do que um monopólio é capaz, estamos com uma grande fatia de nossas vidas na mãos de empresários. Isso é correto? O ser humano evoluiu por anos para se submeter a isso? Chega a ser irônico...


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5 comentários

  1. Unknown says:

    Nossa que tensão! horrível!
    Parabéns pelo post!

  2. Anônimo says:

    Passar uma noite sem luz, já é um sacrifício. Imagina você que passou mais de um dia sem luz. Horrível!

  3. Cara para de ser tão dependende de energia eletrica, saiba valorizar outras coisas. Sei como é ficar sem energia eletrica, passava ferias na casa da minha avó não tinha energia eletrica nem água, por incrivel que pareça! E você acha que eu ligava pra isso? Não.

    Você planeja seu feriado pra ficar dentro de casa enfurnado no seu quarto olhando a internet? que tipo de nerd é você? Tem um mundo lá fora amigo.

    Não estou aqui pra te reprimir, sou jovem e sei como é não viver sem um computador, o meu dormi ligado e acorda ligado, não fico em casa sem computador, mas se a luz vai embora eu não reclamo, apenas busco novas formas de me divertir ou apenas de passar um tempo pra conversar com a familia, coisa que nem fazemos na correria do dia a dia.

    Sua reclamação é válida, mas não haja como se isso fosse o fim do mundo.

    Grande abraço.

  4. Tiago, entendi toda sua posição, mas certamente vc não entendeu a minha. No dia seguinte ao apagão planeijei dois programas que me afastariam de casa na tarde e a noite. Tanto que falei isso no texto, informaçãoq ue certamente vc não deu atenção ao trecho especifíco:

    "Meus planos de diversão para o feriado do padroeiro da cidade foram água abaixo, não conseguiria sair de casa sabendo que correria o risco de retornar e me deparar com a mesma situação."

    Simplesmente, não consegui sair de casa sabendo que estava sem luz, com alimentos estragando na geladeira e com risco de que voltasse e não tivesse luz.

    Capiche?

    Abraços!

  5. Hum, pensei que não morava sozinho, pois mencionou seu pai no texto, pensei que morasse com a familia e eles que se preocupavam com isso.

    abcs.

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